7Horas da matina... 20 de julho de 2014; aqui começa a nossa viagem, na cidade de Alfenas/MG.
Saída de Alfenas/MG às 7hs da manhã com muita neblina. |
Este foi o primeiro registro da minha câmera. Depois de nos prepararmos por dias...(saiba dos preparativos no link) pedalando na chuva, à noite, em estradas de terra, e nos acostamentos das BR's dos arredores... a hora de pormos em prática havia chegado.
Ansiosos, eu (Clérison Esteves) e o brother Felipe Correa saímos à caminho do "Marco Zero" do Caminho do Ouro da Estrada Real, localizado na cidade de Ouro Preto/MG à 370km. Este seria o primeiro desafio que representaria a 4º parte de todo um percurso de 1600km almejados pela nossa vontade de mergulhar no tempo, apreciando obras arquitetônicas preservadas à 3 séculos proporcionado pelos Caminhos Reais.
Muitas cidades fizeram parte deste roteiro, e, ao contrário do que pensávamos, a viagem não teria um "inicio" em Ouro Preto, mas sim logo nos primeiros quilômetros.
Parada para um fôlego às margens da da BR 369. |
Tínhamos em mente, chegarmos no primeiro dia na cidade de Campo Belo, onde passaríamos a noite, porém, com toda aquela bagagem ,nos adaptando às condições e sedentos por uma aventura de verdade, decidimos testar nossas habilidades de cicloturista no alto da Serra da Boa Esperança e, por volta das 17hs do 1º dia de pedal, lá estávamos nós, diante do nosso primeiro desafio; a subida da serra.
Decidimos então preparar o físico e o psicológico, reservei um canto especial do meu alforge para acomodar 2 garrafas de Vinho, um Chileno e um Argentino... presente do meu grande Tio, juntamente, com uma Feijoada preparada pela minha querida mãe. Eram 15hs e havíamos pedalado 70km até então, 6hs de pedal direto, com 45kg de bagagens onde nada poderia faltar.
Parada em Boa Esperança, no trevo de acesso para Campo Belo. |
Foi a vez do Argentino ! |
Foi um almoço rápido... e logo estávamos de volta à estrada. Pedalando sentido a Serra da Boa Esperança e somando que, por se tratar de uma serra, logicamente teremos uma subida, já que iríamos até o ponto mais próximo das estrelas, armar nossas barracas e nos preparar para o dia seguinte.
Da estrada, eu avistava aquela montanha que, de longe, parecia tão pequena e agora de perto é tão imponente. Segundo informações, seriam 8 quilômetros de subida e tínhamos uma preocupação, água potável para bebermos. Já eram 17hs e a noite se aproximava rapidamente. Conseguir água potável então era a nossa meta e logo passamos por uma propriedade às margens da estrada de terra e a conseguimos.
O amigo logo perguntou onde iríamos com todos aqueles apetrechos amarrados às bicicletas, esclarecemos nossa empreitada e perguntamos a ele como havia sido as últimas noites na região, se o frio estaria castigando... e ele logo respondeu que a geada se fazia presente nas noites anteriores.
"Preferíamos o frio que a chuva, 45 quilos de bagagem molhada virariam facilmente 90kg ! "
Seguimos subindo e logo ali.. depois da curva, nos deparamos com um desvio de água à céu aberto que possibilitou que pudéssemos lavar a tralha do almoço e tomar um rápido banho de gato, só pra tirar a poeira do asfalto.
Seguimos subindo, e o cair da noite impossibilitou que fizéssemos mais imagens. A subida foi uma grande aventura, não existe nenhuma placa indicando o cume da serra e tivemos que nos embrenhar em trilhas fechadas e estradas cheias de erosão, o que acabou com o restinho da feijoada que estava no estômago !
A visibilidade por conta da neblina era de cerca de 20%, e nossas lanternas eram capazes de iluminar bem pouco. Sem escolher muito, chegamos à um local ermo e de vegetação rasteira; exaustos, conseguimos ainda comer algumas bolachas recheadas e posso dizer que quando acordei às 6hs, não havia me dado conta de onde estava... ainda pensando estar em casa :) !
Só quando abri os olhos que a ficha caiu...
"O que mais gosto em uma aventura que se acaba no meio do nada, ou de um lugar que aos menos conheço por foto, é de que quando amanhece e a barraca se abre, um novo e desconhecido mundo te espera lá fora !"
Abaixo, segue o vídeo que ilustra nosso primeiro dia de pedal.
O que se passou no segundo dia ? Te conto na próxima matéria #DIA2.